* O valor intrínseco do indivíduo, composto pelo seu caráter e personalidade é facilmente substituído pela beleza perecível, passageira, aquela que inevitavelmente se desgasta com a ação do tempo.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Quem paga pelo sensacionalismo na TV?




Já faz algum tempo que questiono a atuação sensacionalista de alguns programas televisivos, do tipo tragicomédia, especialmente aqui na Bahia. A audiência estapafúrdia de programas como o “Se Liga Bocão e o Na Mira”, que reproduzem tragédias do cotidiano como assassinatos, mutilações, perseguições policiais, dentre outros, coloca os seus telespectadores como principais responsáveis pelo sucesso.

É fato que as pessoas se interessam por situações que estejam diretamente ligadas ao seu cotidiano. Até mesmo experiências de indivíduos da mesma comunidade, pois colocam em evidência os seus anseios, receios e perspectivas de futuro. Algo como se o seu próximo entrasse como personagem principal de uma história que você, ao menos naquele momento, não teve a oportunidade de contar.

Percebendo isso, os proprietários das emissoras de televisão investem pesado numa programação que consiga despertar o interesse do público e que, por conseguinte, seja comercialmente viável. Ou alguém acredita que programas meramente “interessantes e informativos”, por si só, conseguem pagar o investimento? Obvio que não. Para que haja retorno financeiro, as pessoas precisam garantir e sustentar os chamados picos de audiência. Do contrário, aquele telespectador cativo mudará de canal e a produção será um verdadeiro fiasco.

Analisando friamente a programação de todas as emissoras abertas do nosso país, chego a triste conclusão de que a TV costuma fazer o melhor, a serviço do pior. O que vale realmente são os milhões gastos pelos anunciantes para determinar o interesse do seu público alvo. Qualidade para quê? Interessante mesmo é embolsar altas cifras e prender a atenção das pessoas com boas doses de mistério, sexo, ação, casas vigiadas e violência. O retorno é garantido.