* O valor intrínseco do indivíduo, composto pelo seu caráter e personalidade é facilmente substituído pela beleza perecível, passageira, aquela que inevitavelmente se desgasta com a ação do tempo.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

JH: de grata surpresa para uma enorme decepção



A eleição municipal de 2004 ficou marcada como uma das maiores derrotas sofridas pelo então senador ACM. Vitorioso nos pleitos de 94 e 98 com a candidatura do atual deputado federal Antônio Imbassahy, o cacique baiano não deu a atenção devida para as mudanças no gosto do eleitor soteropolitano, que naquela altura dos acontecimentos precisava ser reconquistado e não somente guiado pela força que a sua imagem representava. O resultado foi uma derrota acachapante, ainda que em segundo turno, para o franco atirador João Henrique que havia entrado na disputa sem o assédio dos holofotes midiáticos e a preferência da população.

As promessas de campanha do atual prefeito, naquela ocasião, destoavam do então modelo centralizador e autoritário do PFL apontando para uma gestão transparente e mais democrática. O mote “Prefeitura de Participação Popular” encantou o eleitor soteropolitano que se deixou embalar pelos anseios de mudança e afastamento da ideologia carlista. JH conseguiu se eleger pelo PDT prometendo acelerar e concluir as obras do metrô já na primeira gestão e dar continuidade às boas iniciativas adotadas pelo seu antecessor.

O problema é que ao longo dos quatro primeiros anos o prefeito não conseguiu cumprir a metade das promessas e inovou muito pouco o modo de fazer política local. Implementou sim um estilo próprio, só que muito distante do arrojo e da competência administrativa tão desejados pela população. JH foi pouco produtivo e chegou na campanha da reeleição enfraquecido, desacreditado e desgastado dentro do seu partido, o PDT.

A corrida eleitoral de 2008 teve início e o então desprestigiado João Henrique, já abraçado pelo todo poderoso PMDB, registrou um novo grande feito ao reverter um quadro de rejeição bastante acentuado. Investimentos vultosos em propaganda e marketing político, aliados ao extenso tempo de exposição na TV mudou de forma significativa o cenário e o reelegeu como prefeito da terceira maior capital do país.

Passados sete anos e perto de ceder o assento do Palácio Tomé de Souza ao seu sucessor o prefeito vive um dos piores momentos da sua trajetória política. Bastante cobrado pelas promessas não cumpridas e por escândalos sobre a sua vida conjugal, JH não colocou em prática o projeto das mini-prefeituras, retirou grande parte dos amarelinhos de circulação (micro-ônibus de integração dentro dos bairros) , ainda não conseguiu colocar o metrô para rodar, abandonou o Pelourinho, o Elevador Lacerda e as estações de transbordo, não consegue manter a cidade limpa e organizada, enfim, passou de grata surpresa para uma enorme decepção.

Assim como o seu pai, o agora senador João Durval Carneiro, ele promete voltar nos braços do povo. Deixou nas entrelinhas a promessa de se tornar o futuro governador da Bahia, mesmo com a quase absoluta rejeição do seu trabalho à frente da prefeitura. Cinicamente, passou a veicular o jingle “dá pra ver” e posso garantir que muitos eleitores insatisfeitos repensaram a sua opinião e vibram no sofá da sala ao ouví-lo. Dessa forma, até eu devo concordar que não é impossível para JH garantir num futuro próximo o seu assento no Palácio de Ondina. Quem viver verá!

Disputa eleitoral de 2012 começa a ganhar forma


O cenário político para as eleições municipais de 2012 começou a ser desenhado. Partidos que compõe o bloco oposicionista buscam entendimentos para definir as suas candidaturas e planejar possíveis alinhamentos em caso de disputa em segundo turno. O PMDB, legenda que garantiu a reeleição do atual prefeito no apagar das luzes, não nega mas também não confirma o nome do radialista Mário Kertész como candidato ao assento no Palácio Tomé de Souza. PSDB e DEM podem optar por candidatura única, mas existe a possibilidade do ex-prefeito Antônio Imbassahy e do eterno candidato ACM Neto defender respectivamente cada uma delas. O PT, que deve contar com apoio mais incisivo do governador Jaques Wagner já definiu a candidatura do também deputado federal Nelson Pelegrino, que tem sofrido sucessivas derrotas nas últimas eleições. No entanto, o governador disse que pode optar pelo apoio conjunto ao PMDB (principal aliado do governo federal) e ao PT, partido que sempre defendeu e que foi um dos seus fundadores.

A briga inicial deve se concentrar entre PMDB, PT E DEM (caso Neto seja mesmo candidato), sendo que os dois primeiros chegarão com uma linha de ataque e defesa mais sólida se houver segundo turno; isso porque provavelmente eles somarão forças. O DEM deverá contar com o apoio do PSDB e tem como principal trunfo o nome de um dos deputados federais com a melhor média de votos das últimas eleições e que carrega uma marca que ainda não foi totalmente extinta na preferência dos soteropolitanos.

A única certeza é que o candidato que for apoiado pelo atual prefeito não terá vida fácil. A administração do município vive um dos mais altos índices de rejeição já auferidos, como apontou uma pesquisa encomendada pelo Ibope. A avaliação do prefeito foi altamente negativa ficando em último lugar numa comparação com oito capitais (veja aqui: http://terratv.terra.com.br/videos/Noticias/Brasil/4194-395003/Pesquisa-avalia-trabalho-de-prefeitos-em-9-capitais-do-Pais.htm).

Não por acaso, o PP (partido do prefeito) sequer definiu os rumos que deverá trilhar na corrida eleitoral deste ano. Assim como JH, está mais perdido do que cego em tiroteio.