Há algumas semanas a empresa escocesa Johnnie Walker, fabricante de uma das marcas de uísques mais famosas do mundo lançou uma campanha que tem causado muito burburinho. Um gigante adormecido que desperta e caminha a passos firmes pelas ruas da capital carioca.
A primeira impressão que tive aponta para o que parece ser o “mais óbvio”: uma bela sacada de marketing, aliada a um propósito político muito bem elaborado. Para entusiastas da governabilidade petista ou não é difícil negar que o país tem conquistado avanços significativos nas três últimas décadas. Sim, digo isso porque tenho sobriedade suficiente para reconhecer que o “sucesso” econômico que desfrutamos hoje teve sua origem na gestão tucana de FHC e devemos muito à herança que nos foi deixada. Ao PT, prefiro creditar as políticas sociais implantadas e por ter mostrado maturidade política ao manter o modelo econômico do seu antecessor. Enfim, palmas para os dois.
Voltando à campanha comercial penso que seja uma clara menção a tudo isso que foi dito no parágrafo anterior. Muitos líderes políticos do passado e do presente costumam fazer menção ao Brasil como um gigante adormecido que cedo ou tarde despertará. De fato, nosso país possui inúmeras potencialidades. Dos fatores climáticos e de posição geográfica aos de natureza econômica e social, nós podemos muito. Obviamente, muito mais do que somos hoje.
O que nos falta é gestão responsável e menos corrupção. Ativa, passiva, privada e principalmente pública. Uma profunda e duradoura mudança de postura dos políticos que governam essa pátria de dimensões continentais e também da população. População essa que reclama constantemente da politicagem, mas que peca ao não exigir disciplina e freqüência escolar dos seus filhos pródigos; afinal de contas, com uma boa base educacional eles podem SER os NOSSOS políticos COMPROMETIDOS do futuro.
Confesso que nem de uísque eu gosto. Aliás, adoraria exaltar peças publicitárias de empresas essencialmente nacionais, como uma fabricante de cachaça, por exemplo, que é uma das inúmeras identidades que possuímos. Infelizmente, AINDA não é o caso. Porém, não posso deixar de parabenizar a “generosidade” da JW mesmo sabendo que muito disso se deve aos constantes recordes de vendas conquistados em nosso país.
Como tudo na vida, é só mais uma mão dupla.
Em tempo: a superprodução contou com 420 profissionais, duas toneladas de equipamentos, 216 figurantes e mais de 12 mil horas de trabalho em computação gráfica.