* O valor intrínseco do indivíduo, composto pelo seu caráter e personalidade é facilmente substituído pela beleza perecível, passageira, aquela que inevitavelmente se desgasta com a ação do tempo.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Revitalização da orla de Salvador



Pensar o processo de revitalização da orla de Salvador apenas pelo lado emocional é reduzir a verdadeira extensão do problema. Óbvio que ignorar o sofrimento de centenas de famílias que por muito tempo sobreviveram da comercialização de bebidas, petiscos e frutos do mar nessas barracas é cruel por demais. No entanto, devemos encarar o fato sob todos os aspectos, inclusive os motivos que levaram à demolição, assim como o que se objetiva futuramente.

É sabido que muitos desses estabelecimentos eram mantidos sem as mínimas condições de higiene. As irregularidades sanitárias vão desde os locais onde os alimentos eram produzidos até o esgoto que escoava para a praia sem as devidas análises técnicas de impacto ambiental. Sem falar da deterioração e sucateamento da estrutura de muitas dessas barracas, provocando um efeito visual altamente negativo para turistas e visitantes de diversas regiões do país.

Por outro lado, vários questionamentos podem ser levantados partindo da premissa que assim como existiam barracas em estado deplorável, muitas outras passaram por investimentos vultosos e ofereciam o que há de melhor para seus clientes, além de atuar dentro dos padrões exigidos pela vigilância sanitária. Eram também visualmente atrativas e causavam um contraste saudável com a imensidão das praias que lhes serviam como plano de fundo. O que havia de errado então? Uma lei federal que proíbe a construção de estabelecimentos em áreas de propriedade da União.

Estima-se que o projeto de revitalização vai custar algo em torno de R$ 900 milhões de reais aos cofres da prefeitura. Parte desse recurso poderá ser financiado numa parceria entre a esfera municipal e a iniciativa privada, diretamente interessada no não menos polêmico processo de verticalização da costa de Salvador.

O problema é que o trabalho de demolição das barracas já foi concluído e até então não existe uma proposta concreta, uma alternativa para a retomada da fonte de renda dessas famílias. Elas vão sobreviver de que maneira? Do ponto de vista sócio-econômico, é justo aprovar um projeto de desapropriação sem pensar na realocação dessas pessoas?

Até lá elas vão se virando para garantir o pão nosso de cada dia. Tudo pela modernização!

Cadê o metrô?



Há pouco mais de dez anos, o então prefeito de Salvador, Antônio Imbassahy, anunciava o início das obras do metrô. O prazo para a implementação de suas atividades era de aproximadamente 3 anos, mas ainda hoje, sequer a primeira etapa foi inaugurada (trecho Estação Pirajá x Estação da Lapa).

Uma série de denúncias foram deflagradas, como o do já costumeiro desvio de verbas, superfaturamento e fraude nas licitações. De quebra, ainda foi noticiado que o governo do estado, naquele período, estava sendo boicotado no repasse das verbas, que originalmente adivinha do Ministério dos Transportes. A equação é simples: ministério= governo federal= PT = OPOSIÇÃO. Que se dane o povo.

Entretanto, o tempo passou, e os partidos que hoje comandam a cidade, nas duas principais frontes (prefeitura e governo), são, respectivamente, aliados e integrantes da base governista. Onde está o erro agora?

No frigir dos ovos, a população de Salvador é a maior prejudicada. Refém de um sistema de transporte público supostamente deficitário, porém, antes de qualquer outra justificativa, sucatado, desorganizado e ineficiente, pena horas a fio nas estações de transbordo e pontos de ônibus espalhados pela cidade. Sem falar da falta de manutenção dos veículos, que contribui para tornar ainda mais caótico o trânsito e colocar em risco a vida de milhares de passageiros.