Nos últimos anos temos assistido ao aumento significativo do índice de violência em nossa cidade e região metropolitana. A estratificação dos bairros já não serve para delinear onde exatamente as demonstrações públicas de intolerância e desrespeito às leis ocorrem com menor ou maior freqüência. Cajazeiras, Graça, Suburbana ou Campo Grande? Pergunta espinhosa já que crimes de toda a ordem se repetem nos quatro cantos da capital. A mesma imagem do crioulo armado assaltando uma delicatessen no centro-nobre da cidade se confunde com a do branco desesperançado comprando drogas no gueto.
Numa cidade onde as desigualdades sociais são mais que alarmantes a violência surge como complemento no cenário de descaso público das nossas “autoridades”. O pior é constatar que muito pouco tem sido feito para reverter esse quadro. Investimentos em educação e cultura, ainda que vislumbrando resultados em longo prazo e a revitalização do sistema prisional passam despercebidos pelo gabinete do prefeito e do governador Jaques Wagner.
A onda de violência cria uma espécie de trauma coletivo com duras repercussões na vida da população, além de aumentar a desconfiança nas instituições responsáveis pelo estabelecimento da ordem pública. Pais desacreditados formam indivíduos cada vez mais propensos a andar na contramão da civilidade e dos conceitos universais de cidadania. Assim como um aparato de segurança pública ineficiente alimenta essa perspectiva.
Sendo assim, o momento exige atitude da instituição família, diretamente responsável pela construção do caráter individual e da polícia armada, que deve cuidar para que os direitos da coletividade estejam blindados contra os instintos selvagens que teimam em nos dominar.