A reza não foi suficiente |
Na tarde desta quarta-feira, 25 de outubro, mais um ministro do governo Dilma Roussef renunciou ao cargo. Como já havia relatado em postagem anterior o Ministro dos Esportes, Orlando Silva, não resistiu às denúncias deflagradas pelo ex-militante do PC do B, João Dias, sobre desvios de dinheiro do programa Segundo Tempo. Desde que as primeiras acusações foram detonadas pela revista Veja Silva lutou para manter-se no cargo, mas sofreu o seu maior revés quando o Superior Tribunal Federal decidiu pela abertura de inquérito. Essa foi a gota d’água para a oposição que estrategicamente engrossou o tom do discurso tornando a situação do então ministro insustentável.
Concomitante à abertura do inquérito espera-se que o policial João Dias apresente provas sólidas e concretas que contribua de forma efetiva para a elucidação do caso. Mesmo afirmando que o ex-ministro participava e tinha pleno conhecimento do esquema Dias não conseguiu, por intermédio de comprovações materiais e irrevogáveis, determinar o seu envolvimento. Dito pelo não dito poderemos ter mais um escândalo de corrupção que terminará em pizza.
A questão agora é saber até que ponto a renúncia de Orlando Silva afetará o gerenciamento das tratativas sobre a Copa 2014, já que ele próprio era o principal porta-voz do governo para mediar esses assuntos com a FIFA. Vale ressaltar também que os atrasos são eminentes em todas as cidades-sede, em maior ou menor proporção, e que uma transição como esta pode comprometer ainda mais o planejamento.
É vergonhoso para o nosso país o histórico de falcatruas que se sucedem sem que nada seja feito para mudar esse triste quadro. A reforma política nunca deixou de ser uma pauta importante, mas sequer é discutida seriamente pelos políticos que transitam soberbamente pelo Congresso Nacional. Fazem isso porque carregam no antro dos seus cargos uma marca forte e indelével: o voto de confiança dado pela população, esses mesmos eleitores que hoje clamam por justiça insistem em colocar o poder nas mãos de pessoas que são, na mesma medida, desonestas e incapacitadas.
Orlando Silva não foi o primeiro e nem será o último. As investigações ainda estão em fase preliminar, mas com a renúncia, ele se juntou ao seleto time de ministros afastados por suspeita de corrupção. Nessa ordem: Antônio Palocci, da Casa Civil; Alfredo Nascimento, dos Transportes; Vagner Rossi, da Agricultura; e Pedro Novais, do Turismo.
Atenção presidenta Dilma! “Presunção de inocência” para político brasileiro é utopia. Onde há fumaça, há fogo.