* O valor intrínseco do indivíduo, composto pelo seu caráter e personalidade é facilmente substituído pela beleza perecível, passageira, aquela que inevitavelmente se desgasta com a ação do tempo.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Gigante pela própria natureza



Há algumas semanas a empresa escocesa Johnnie Walker, fabricante de uma das marcas de uísques mais famosas do mundo lançou uma campanha que tem causado muito burburinho. Um gigante adormecido que desperta e caminha a passos firmes pelas ruas da capital carioca.

A primeira impressão que tive aponta para o que parece ser o “mais óbvio”: uma bela sacada de marketing, aliada a um propósito político muito bem elaborado. Para entusiastas da governabilidade petista ou não é difícil negar que o país tem conquistado avanços significativos nas três últimas décadas. Sim, digo isso porque tenho sobriedade suficiente para reconhecer que o “sucesso” econômico que desfrutamos hoje teve sua origem na gestão tucana de FHC e devemos muito à herança que nos foi deixada. Ao PT, prefiro creditar as políticas sociais implantadas e por ter mostrado maturidade política ao manter o modelo econômico do seu antecessor. Enfim, palmas para os dois.

Voltando à campanha comercial penso que seja uma clara menção a tudo isso que foi dito no parágrafo anterior. Muitos líderes políticos do passado e do presente costumam fazer menção ao Brasil como um gigante adormecido que cedo ou tarde despertará. De fato, nosso país possui inúmeras potencialidades. Dos fatores climáticos e de posição geográfica aos de natureza econômica e social, nós podemos muito. Obviamente, muito mais do que somos hoje.

O que nos falta é gestão responsável e menos corrupção. Ativa, passiva, privada e principalmente pública. Uma profunda e duradoura mudança de postura dos políticos que governam essa pátria de dimensões continentais e também da população. População essa que reclama constantemente da politicagem, mas que peca ao não exigir disciplina e freqüência escolar dos seus filhos pródigos; afinal de contas, com uma boa base educacional eles podem SER os NOSSOS políticos COMPROMETIDOS do futuro.

Confesso que nem de uísque eu gosto. Aliás, adoraria exaltar peças publicitárias de empresas essencialmente nacionais, como uma fabricante de cachaça, por exemplo, que é uma das inúmeras identidades que possuímos. Infelizmente, AINDA não é o caso. Porém, não posso deixar de parabenizar a “generosidade” da JW mesmo sabendo que muito disso se deve aos constantes recordes de vendas conquistados em nosso país.

Como tudo na vida, é só mais uma mão dupla.

Em tempo: a superprodução contou com 420 profissionais, duas toneladas de equipamentos, 216 figurantes e mais de 12 mil horas de trabalho em computação gráfica.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Operação integrada prende um dos traficantes mais procurados do país

Menos um...


Uma mega operação envolvendo a Polícia Militar do Rio de Janeiro e a Polícia Federal culminou na prisão do traficante conhecido como “Nem da Rocinha”, na madrugada de ontem. O homem que chefiava o tráfico numa das maiores favelas da América Latina foi preso dentro do porta-malas de um veículo de luxo quando tentava fugir por conta da ocupação já anunciada para o fim de semana. A Secretaria de Segurança Pública vai implantar mais uma base da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) nesta localidade.

O criminoso comandava o tráfico na favela da Rocinha há aproximadamente 10 anos. Foi responsável por uma série de eventos aterrorizantes ocorridos na cidade. Ano passado, esteve num intenso tiroteio dentro de uma avenida movimentada da capital carioca e foi notícia também quando a polícia descobriu a mansão onde morava em meio à pobreza latente do morro.

Os policiais que participaram da operação afirmaram que Nem e seus comparsas chegaram a oferecer propina de 1 milhão de reais em troca da liberdade. Graças à honestidade e honradez desses agentes a oferta foi negada e mais uma frente do poder paralelo deve ser enfraquecida. Obviamente, a prisão do traficante vai nutrir os setores de investigação com informações valiosas para que novas incursões sejam feitas a fim de garantir o recolhimento de armas, a identificação de mais criminosos e o desbaratamento de depósitos que fazem o preparo das drogas. Foi, sem dúvida, uma grande vitória.

A expectativa é de que novas batalhas contra o crime sejam vencidas. A ocupação da favela da Rocinha tende a melhorar o acesso da população aos serviços públicos de saúde, educação e lazer, além de garantir a segurança. É preciso frisar mais uma vez a importância de uma aproximação sadia entre a polícia e os cidadãos. Assim como Nem, outros traficantes criaram sabiamente uma falsa identidade com os moradores em troca do silêncio e da imposição das suas atividades. O Estado precisa retomar o seu espaço para que a criminalidade não fortaleça ainda mais o poder paralelo fazendo crescer a sensação de insegurança e impunidade que tomou conta das grandes cidades brasileiras.

PS- Não adianta também prender esses caras e permitir que eles continuem comandando o tráfico de dentro da prisão. Não é novidade que mesmo nos ditos “presídios de segurança máxima” há registros de movimentação para garantir a manutenção das atividades criminosas para além dos seus muros. Essa torneira também precisa ser fechada para que o córrego do tráfico possa secar definitivamente.

A dança dos ministros parece não ter fim


Otimismo à parte, Lupi está na berlinda

Após a queda de cinco ministros do seu governo por suspeitas de corrupção a presidenta Dilma Roussef terá de gerenciar uma nova crise. A bola da vez é o Ministério do Trabalho, que tem a pasta chefiada por Carlos Lupi, do PDT. Mais uma vez denúncias deflagradas pela revista Veja dão conta de um esquema para cobrança de propina entre ONGs e o ministério, culminando na surpreendente cifra de R$ 41 milhões de reais. O cerne da questão é o favorecimento a essas ONGs para a assinatura de convênios destinados à capacitação profissional.

Assim como o ex-ministro dos esportes, Orlando Silva, Carlos Lupi segue a cartilha e nega todas as informações. De cara, demitiu o seu assessor e coordenador geral de Qualificação (que é um dos desmembramentos de projetos ligados à promoção do emprego) e garantiu que ao final das investigações sairá ileso da crise. Aliás, Lupi tem utilizado um tom sarcástico perante o bombardeio comandado pela oposição e dentro do próprio partido. Foi irônico ao afirmar que só sairia do cargo se fosse abatido por arma de fogo e quando questionado se seria a bola da vez na dança dos ministros, respondeu no mesmo tom: “só se for bola sete, a bola da vitória”.

Apesar de esbanjar tanto otimismo o ainda ministro do trabalho sabe que a batalha está apenas do começo. O primeiro grande passo será resistir à pressão da mídia e dos partidos opositores, sedentos por mais uma sangria dentro do governo. Ele provavelmente será chamado a depor uma dezena de vezes e dificilmente conseguirá se sustentar no cargo até o final das investigações; afinal de contas, a merda já foi jogada no ventilador.

A desconfiança dentro da pasta tende a aumentar quando relatórios do Tribunal de Contas da União (TCU) apontam irregularidades em diversos contratos assinados pelo ministério. Ou seja, outra frente de ataque.  Tudo indica que Carlos Lupi não será alvejado por armas de fogo, como o próprio chegou a sugerir. Mas, para evitar a queda, precisa incrementar a blindagem para resistir ao bombardeio moral que se anuncia.

Vamos aguardar!